Torre de Nada

Quantas vezes isso já aconteceu?
Quantas noites mal-dormidas
Vivendo não-vividas vidas
No escuro dos teus pensamentos?

E dias estudando os ventos
Frutos de mortas saudades
Ansiando por quaisquer verdades
Que por acaso quisessem brotar

Tijolo a tijolo de ar
Erguendo uma torre de nada
De pesadelos inflada
E de volúveis lembranças

Fazendo de vãs esperanças
Senhoras do teu juízo

Por que escravizar teu sorriso?
Por que render teu futuro
Aos devaneios, no escuro,
De vidas que nunca existiram?

Já muitos intentos ruíram
À beira de bifurcações
Esfíngicos, ocos leões
Tecidos em fumaça e medo

Porque o mais mudo segredo
Que te devora sozinho
É a pedra no teu caminho
Por ti mesma colocada:

Tuas aflições profiláticas
Tão influentes, dogmáticas
Alicerçadas em nada

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