Por de todos reinos do mundo
Cascos vomitando leis
Engrenagens se fazendo reis
Não me tocarem os dedos
Dos medos
Da terra sólida e chão
De antenas, ocultas ou não,
Para-raios de emoções difusas
Não me acertarem, confusas
As noites de estática e luz
Por dos altos penhascos nus
Testemunhas de algum senhor
Que não inspiram gastar meu suor
Em réplicas de dez centavos
Os escravos
Hipnotizados pelo neon
Convencerem-se a achar que é bom
Às marteladas costumeiras
Beber de heróis e bandeiras
Que nunca lhes deram nada
Que segue minha dor, exilada
Meus pobres sonhos escassos
Levando meu reino nos braços
Eu ando, por retas e voltas
Sufocando revoltas
Diplomata por necessidade
Das vozes na minha cidade
Clamando por revolução
E os guardas da minha razão
Quase todos já se converteram
Mas mesmo que falanges caiam
Meu reino segue sem muros
Aberto a quaisquer futuros
Que se enrosquem nos meus caminhos
Nos espinhos
Que me rasgam por dentro
E fazem orbitar no meu centro
De tantas estrelas migalhas
Espólios de tantas batalhas
Que quase transbordam, enfim
Só minha paciente vontade
E as luzes da minha cidade
Ainda me protegem do fim
Mas meu reino segue calado
E eu me mantenho, exilado
Do lado de fora de mim