Yesterday, upon the stair,
I met a man who wasn't there.
He wasn't there again today,
I wish, I wish he'd go away...
(Hughes Mearns, Antigonish)
I met a man who wasn't there.
He wasn't there again today,
I wish, I wish he'd go away...
(Hughes Mearns, Antigonish)
Faz três
semanas que o meu pai morreu.
Não deveria
significar nada; mas significa. Esse é o problema. A minha mãe apanhava dele
praticamente todos os dias, eu cresci vendo isso; o covarde, inseguro,
bêbado. Batia em mim, também; mas isso não importa. Importa pra mim é a coitada
da minha mãe agora andando a esmo pela casa; é ela não poder olhar praquela
cadeira, aquela maldita cadeira, a
cadeira “dele”. Ninguém senta nela, ninguém questiona por quê.
O silêncio na
minha casa agora é ensurdecedor. Cada palavra não dita, cada desviar de olhos,
tudo acaba se tornando símbolo da dor que a gente suportou por tanto tempo; e
desse jeito ela não vai embora nunca.
Parece que a
ausência dele é mais presente do que ele mesmo era, entende? Era pra gente
esquecer. Ele já foi, não tem como ele nos atingir. Não deveria ter...
Tipo, no dia
em que eu tive coragem de me assumir na frente dele, ele me deu uma surra; uma
puta surra, a pior de todas. Por anos, então, eu guardei essa memória como um
escudo. Eu sabia que ele nunca poderia me machucar mais do que ele me machucou
naquele dia, então eu me lembrar disso me dava forças pra suportar. Só que
agora isso é só o que eu lembro, o
tempo todo. Nem a minha esperança mais infantil e besta de que um dia ele fosse
melhorar, fosse ser um pai melhor, que por uma única vez ele me olhasse como
filho, como ser humano, nem isso mais
eu posso ter!
Eu juro que
já pensei um milhão de vezes em tacar fogo naquela merda daquela cadeira, mas
eu simplesmente não tenho coragem suficiente pra isso.