Uma Questão de Semântica


Um breve pensamento que me ocorreu há um tempo, só pra não dizer que eu não postei nada este mês:
Existem algumas palavras por aí que podem significar o exato oposto do que elas significam, ou do que as pessoas geralmente consideram que elas significam, e parece que ninguém percebe isso. O exemplo sobre o qual eu andei meditando é o de termos como “inquestionável”, “indubitável”, e o seu uso corrente como sinônimos de “certo”, “correto”, “verdadeiro” e coisa e tal.
Ora. Por “inquestionável” eu entendo algo que não se pode (ou não se deve) questionar, e acredito que seja mais ou menos isso que qualquer outro falante do português deve assimilar dessa palavra. Agora, por que algo que é supostamente certo, correto e verdadeiro não pode ser questionado? Ou eu não manjo nada de lógica, ou, quanto mais próximo de uma verdade absoluta alguma ideia está, mais ela pode ser questionada, porque a resolução, presume-se, vai ser sempre a mesma; e, por outro lado, o “indubitável” me parece aquilo de mais estúpido, vago e quebradiço que se pode imaginar, pensamentos tão absurdos que, pra sua própria segurança (e a daqueles que neles acreditam), não podem ser questionados. Enfim, exatamente o contrário do que dizem os dicionários.
A grande questão aqui é: por que será que, desde que adquirimos a linguagem, nós aprendemos a equalizar “correto” com “inquestionável”?