Wabi-Sabi


Dia desses, folheando en passant alguma coisa do senhor Zygmunt Bauman, me peguei criticando o pessimismo e os ligeiros lapsos de conservadorismo (na minha opinião, quase desnecessário dizer) do polonês. Lembrei de algo que já tinha escrito aqui e, entre os medos indefiníveis de nossa decadente cultura consumista, achei talvez a solução pra um problema auto-imposto.
Basicamente, o que Bauman argumenta ser a diferença crucial entre o que chama de “modernidade sólida” e “líquida” (a segunda equivaleria aproximadamente à “pós-modernidade” de Baudrillard e semelhantes; o termo diferenciado visa evitar confusão com conceitos homônimos conflitantes) é que, até o período pós-Segunda Guerra, a sociedade ocidental vinha num processo de racionalização e burocratização crescente, este de onde brotaram Kafkas e Catch-22’s, cujo objetivo era a individualização, a segurança, o controle da natureza, enfim, a definição do universo. Por essa linha de pensamento, o maior fantasma da época era o bastante freudiano “outro”: a parte que não pode ser absorvida na categorização, o vizinho, o semelhante-ainda-que-diferente. Faz sentido. Nós não entendemos o outro, nós culpamos o outro por nossos problemas e logo nós estamos matando seis milhões de outros pro bem de todos e felicidade geral da nação. A liquidez só teria vindo com a revolução dos costumes, a globalização, a convergência de culturas e pensamentos e a ênfase na liberdade individual. Hoje o problema é outro, mas ainda é o mesmo: alguma coisa vaga e distante que se esconde por trás do painel lisérgico que é a realidade, mas nem por isso é menos assustadora, como o conceito de “terrorismo”; medos e amores líquidos, uma sociedade sem valores e paranóica.
Nada disso é muita novidade. Bauman se inspirou em Derrida, que se debruçara precisamente sobre a ambiguidade e imprecisão da linguagem (e, se aceitarmos que linguagem é tudo, então o francês já havia mencionado a modernidade líquida muito antes); Barthes mencionara como esses pequenos “detalhes”, as dicotomias tomadas como regras prévias, serviam de instrumento pra manutenção do poder mediante meios de comunicação de massa. Mesmo alguns visionários que os precederam (não querendo chutar o pau da barraca, mas já chutando), como o amplamente subestimado Charles Fort, já davam seus palpites: pra Fort, nada precisamente é, mas tudo que a percepção humana alcança antes almeja ser, num movimento perpétuo rumo à integridade, a uma identidade “plena”. Tomando algumas licenças literárias, sigamos por um momento este último comentário.
Se cada conceito é ambíguo; se cada signo pode ser interpretado de milhões de maneiras diferentes; se nada pode ser a priori, ou seja, sem o aval de algum tipo de autoridade que a legitime num determinado contexto, então um verdadeiro poder pode ser tomado por qualquer um com um mínimo de capacidade cognitiva. A fluidez é justamente o que permite que a leitura (novamente levando em conta que a linguagem seja o próprio tecido de que é feita a realidade; assim, “ler” equivale a qualquer tipo de interpretação do mundo) seja um ato criador, diferente da literatura apenas por uma questão física (o que forçosamente nos obriga a considerar qualquer acusação de plágio, por exemplo, como uma afronta à liberdade de pensamento); de forma que cada indivíduo possa manipular sua própria Weltanschauung (exatamente essa a que se referia o senhor Whorf) de acordo com sua vontade, criando uma noção particular e intencional da ontologia e, assim, eliminando as tais quase-coisas (as que assim lhe parecerem) como qualquer excrescência desnecessária do processo de raciocínio.
Mas esse poder não se restringe à amorfia exterior, estendendo-se mesmo ao extremo do self. Quase como o (a?) Quixote de Kathy Acker (o terceiro que eu cito neste blog, e possivelmente não o menos real dos três), que julga ser sua identidade um construto interno, temos uma nuvem de possibilidades incomensuráveis ao nosso redor, não diferente do “corpo-sem-órgãos” que queriam Deleuze e Guattari, que dependem de nosso esforço consciente pra se concretizar ou não. Condenados à liberdade como Sartre, eternamente incompletos como Fort, nunca seremos, sempre poderemos agir na direção de ser.
Enfim, a vida é um grande jardim zen. Não tem como ser menos pessimista que isso.

Evidências

Isto é um bilhete de suicídio. Vou embora antes que eles me peguem, e só deus sabe o que eles poderiam fazer comigo. Se só eu que percebi tudo, ou se só eu que existo, eu nunca vou ficar sabendo. Tá difícil manter a calma agora, mas nada importa mais. O que me provou que eu tô certo, que é tudo mentira e que qualquer um que ler isto aqui pode perceber (se for real) é que era tudo CERTO DEMAIS. Talvez não faça sentido agora, mas. Minhas mãos tão suando. Enfim, que merda de mundo é esse onde tudo tem explicação? Sempre, sempre SEMPRE SEMPRE SEMPRESEMPRESEMPRE.
Eles EXISTEM. São os paranthropoi que eu mencionei nos meus textos. Eles vêm e trocam alguém por uma cópia exatamente igual, com as mesmas memórias. Não sei por quê, minerais, água, informação. MAS SÃO DIFERENTES. Mexem nos livros, trocam as letras de lugar. Quando eu tive coragem de falar disso pro meu irmão, ele disse que era loucura da minha cabeça. Que outros já tinham falado disso, e que era coisa de louco. CLARO! Se é coisa de louco, eu sou louco só por pensar nisso!
Pesquisas. Anos. ANOS. Eu juntei tudo. Gente que aparece e some, e. Eu pesquisei por SÉCULOS: Doppelgängers. Abduções. Elfos. Luzes no céu. The Wild Hunt. E ELE ME DISSE QUE JÁ TINHAM FEITO ISSO! Eu vi no Google: Jacques Vallée, Passport to Magonia. “Tudo o mesmo fenômeno”. NÃO É MUITA COINCIDÊNCIA?????? Não será porque eles ALTERAM A REALIDADE???????????????
DUVIDEM DUVIDEM DUVIDEM DUVIDEM DUVIDEM.
Eles vão me pegar mudar o que eu escrevi QUEIMAR

Bilhete de suicídio de Daniel P. Hockenheimer, 25 anos, escrito aparentemente às pressas minutos antes de sua morte, resultado de uma intoxicação por monóxido de carbono na garagem de sua casa. Espalhados por toda a residência, os policiais encontraram papéis contendo divagações, desenhos, imagens astronômicas e estranhos símbolos. Alguns jornais sensacionalistas chegaram a incluir na nota de falecimento informações falsas relacionadas à saúde mental e à suposta religião do rapaz.
De todo modo, as autoridades consideraram de bom tom destruir a maior parte do trabalho do jovem, sob a justificativa de evitar suscitar um pânico infundado em “elementos sugestionáveis”. Um policial, cuja identidade evidentemente deve ser preservada, chegou a comentar, em caráter privado, que “tem muito maluco por aí que enlouqueceria com essa merda. Com todo o respeito, não tem por que levar a sério um sujeito desses”.